A identidade da mulher negra na cultura gaúcha




A presença dos negros no Rio Grande do Sul contribuiu enormemente para a formação da identidade gaúcha. O negro não aderiu ao gauchismo; o gaúcho também é negro, uma cultura onde os mesmos rituais, comungam um património simbólico que os insere no mundo gaúcho. em cultura e identidade regional no plural.
Mas o que levou a exclusão do negro nesse processo de identidade e representatividade ? 
Pintura: Rodolfo Ramos
Pintura: Rodolfo Ramos 
O mesmo que ao resto do Brasil ter escravos era sinal de riqueza, de status social. Quanto mais escravos o estancieiro ou o charqueador tivesse, maior era sua riqueza, seu status e o respeito que seu conterrâneos tinham por ele, pois o número de cativos também se associava às extensões de terra e gado que este possuía, e por isso precisava de tanta mão-de-obra, tanto escrava quanto livre. 
As mulheres negras que se constituíram marcos importantes dos processos sócio-históricos e culturais locais essas histórias representam a diversidade cultural em relação às identidades populares, étnico-raciais e de gênero feminino.
Ser escrava ou descendente e ser mulher foram as condições de "subalternidade" que caracterizaram a negra e que influenciarão seu retrato na literatura. Porém isso traz à tona a necessidade de reconstituir as trajetórias de mulheres negras como uma forma de reconhecimento social.
É assim, no universo discursivo e simbólico da modernidade brasileira, que se cria uma nova identidade cultural: a "mulata" e da "a morenada". A mulata( mulatice) como um gênero culturalmente engendrado representa a criação de uma figura dotada de muita sensualidade e praticamente desprovida de caráter social, a qual é produzida através de discursos como a literatura e a música. É a representação da outra em oposição a mulher branca, elitizada e dotada de uma moral cristã. 
O corpo de mulheres negras, por exemplo, serviu durante o século XIX para caracterizar um tipo de sexualidade não regulamentada, em oposição à sexualidade controlada das mulheres burguesas. Embora essa associação não seja mais predominante na imprensa ilustrada das primeiras décadas do século XX em relação às mulheres negras, na representação de danças como candombe, as contorções dos corpos femininos se referem à mesma idéia, principalmente se comparadas, por exemplo, com a rígida compostura de mulheres apresentada como "senhoras". Sobre a mistificação da sexualidade das mulheres negras, isto não justifica que se aceite a História que forma estereótipos, tomando como verdadeiras afirmações geradas pela tradição oral e pela leitura de documentos, sem críticas e questionamentos. 
Sendo a mulher negra vítima de sua dupla condição subordinada, por cor e gênero, e também sendo uma história esquecida, sua presença na literatura pode ser uma guia da qual sua imagem e seu papel na sociedade são percebidos. Europeização (branco e branqueador) e patriarcal. É um tópico, até meados do século passado, pouco debatido, quero com isso contribui para os esforços de resgate da memória dessas minorias esquecidas. Agora, no caso da mulher negra, seu retrato era ainda mais desdenhoso. A feminilidade combinada à cor fez dela uma entidade sistematicamente marginalizada. Mas, para entender essa marginalização por gênero, é preciso primeiro examinar o contexto sociopolítico e histórico da América Latina, mas da época em geral.
Assim, nas três histórias que vamos estudar, consideradas como os "grandes clássicos do século XIX", as "ficções fundamentais", "textos sulcados ou, melhor ainda, invadidos pelos afro-argentinos" (Solomianski 2003: 17-18), A mulher negra é representada a partir de vários campos. Em Amalia (1851), de Mármol, a narrativa se passa na esfera política doméstica (o lar sob Rosismo); em El abattoir (1939-1940), que compartilha o mesmo contexto antiferrugem, as personagens negras atuam no local de trabalho do matadouro; e em Martín Fierro (1872-1879) a negra aparece no domínio cultural-folclórico (a dança) 6. Propomos uma análise de cada trabalho para refletir melhor as várias imagens de seus personagens.
Echeverría em um desses livros com Amalia e El matadero, a mulher negra é retratada entre anti-erosão e racismo as mulheres negras que, como os abutres, lutam contra crianças e cães pelas tripas dos animais mortos, a excitação dos açougueiros diante do sangue. Homens e animais estão confusos. Em uma cena particularmente horrível, um touro foge e mata uma criança, depois de um minuto de choque, todos parecem esquecer e voltam às suas tarefas como se nada tivesse acontecido. Como uma Echeverría romântica repete o esquema de La Cautiva, as maniqueístas lutam entre o bem e o mal.  Ele não mostra simpatia pelas massas de negros, mulatos e mestiços que descreve, pelo contrário, acentua sua degradação e brutalidade como instrumentos da opressão . O texto de Echeverría também documenta a hostilidade que as classes altas cultivadas expressam pelas massas, o principal apoio político da tirania de Rosas. O autor é particularmente cruel com negros e mulatos.
constrói a superioridade de uma esbelta mulher branca, vestida com uma camisola leve, em oposição a uma criada negra menor, a cabeça coberta por um turbante e o corpo coberto por um xale de estampa geométrica que se mistura ao chão tabuleiro de damas. 
Nos dois casos, a maneira como as figuras são compostas em termos de forma e cor e sua localização no espaço pictórico organizam uma relação de diferença que, ao destacar a figura branca, configura a condição dependente da cor.
Assim, nas três histórias que são os "grandes clássicos do século XIX", as "ficções fundamentais", invadidos pelos afro-argentinos" (Solomianski 2003: 17-18), A mulher negra é representada a partir de vários campos. Em Amalia (1851), de Mármol, a narrativa se passa na esfera política doméstica (o lar sob Rosismo); em El abattoir (1939-1940), que compartilha o mesmo contexto antiferrugem, as personagens negras atuam no local de trabalho do matadouro; e em Martín Fierro (1872-1879) a negra aparece no domínio cultural-folclórico (a dança).
A submissão da mulher foi uma invenção de um mundo comandado por homens que também inventaram a escravidão. As mulheres tinham e ainda temos dentro de nos forca para resistir com oportunidade e garra, devemos revalorizar seus atos concedendo seus devido mérito.

À todas nesse dia 25 de Julho dia internacional da mulher negra latino americana, a nossa homenagem! 




Referencias:
LITERATURA SUL-RIO-GRANDENSE: A REPRESENTAÇÃO DO NEGRO E O RECONHECIMENTO DA IDENTIDADE DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS
Indios, gauchos y negros, el otro en la literatura Argentina del siglo XIX Santiago Álvarez
NEGRITUD Y GÉNERO: LA REPRESENTACIÓN DE LA MUJER NEGRA EN LA LITERATURA DECIMONÓNICA ARGENTINA Djibril Mbaye
Sobre a Mulher Escrava no Rio Grande do Sul- Margaret M Bakos
Mujer en la diáspora africanamujer negra rioplatense (1750-1840)
CIRIO, Norberto. Tinta negra en el gris del ayer. Los afroporteños a través de sus periódicos entre 1873 y 1882. Buenos Aires: Teseo/Biblioteca Nacional, 2009.

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