REPUBLICA RIO -GRANDENSE

A República Rio-Grandense foi proclamada a 11 de setembro de 1836, pelo general Antônio de Sousa Neto, graças vitória obtida por forças gaúchas na Batalha do Seival, durante a Revolução Farroupilha. Os principais líderes da revolução eram estancieiros,que haviam aprendido a arte da guerra nas guerras platinas, mais especificamente na Guerra da Cisplatina, como Bento Gonçalves. A Constituição da República Rio-grandense foi aprovada em 1843, em Alegrete.


História

A economia da então provincias do Rio Grande do Sul do Imperio do Brasil era voltada para a produção de couro.A provincia volta suas produçoes para o mercado dali,do qual dependia interamente.Mas com o câmbio sobre valorizado e os benefícios farifáis então oferecidos,o charque importado tinha um valor abaixo do nacional.Sendo assim os estacieiros da região iniciarão uma rebelião contra o Imperio e,no dia 10 de setembro de 1836 ocoreu a Batalha do Seival.Com a vitoria dos revoltados liderado por Antonio de sousa Neto,a ideia separatista venho atona.No dia 11 de setembro,o general Neto proclamou a Republica Rio-Grandense.

O lider separatista ,Bento Gonçalves,então preso na Bahia por forças Imperialistas,foi proclamado presidente em 6 de novembro de 1836,junto com 4 vice presidente:1º-Antonio Paulino da Fontoura,2º-Jose Mariano Matos,3º-Domingos Jose de Almeida,4º-Inacio jose de Oliveira Guimarrões do qua dependia inteiteiralmente.Porem como Bento Gonçalves estava preso foi necessário eleger um novo presidente, o escolhido foi José Gomes de Vasconcelos Jardim, que imediatamente nomeou o ministério da república:

  • Domingos José de Almeida - ministro do interior e fazenda
  • José Pinheiro de Ulhoa Cintra - ministro da justiça e estrangeiros
  • José Mariano de Matos - ministro da guerra e marinha

Ao longo da guerra foram nomeados os generais da república

  • João Manuel de Lima e Silva
  • Bento Gonçalves
  • Antônio de Sousa Neto
  • Bento Manuel Ribeiro
  • Davi Canabarro
  • João Antônio da Silveira

A primeira capital da nova república foi a cidade de Piratini. Em 1839, forças lideradas pelo revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi e pelo gaúcho Davi Canabarro proclamaram a República Juliana na província de Santa Catarina, tomando a cidade de Laguna. A nova república formou uma confederação com a Rio-Grandense mas não durou muito, pois não conseguiu tomar a capital provincial de Nossa Senhora do Desterro.

A República Rio-Grandense foi dissolvida em 1 de março de 1845, pelo Tratado de Poncho Verde, que manteve em vigor algumas leis derivadas da constituição Rio-Grandense. Teve ao todo cinco capitais durante os seus nove anos de existência: Piratini, Caçapava do Sul, Alegrete e São Gabriel (capitais oficiais), Bagé(somente por duas semanas) e São Borja. Os seus presidentes foram Bento Gonçalves e Gomes Jardim.

Cisma religioso

As paróquias gaúchas estavam vinculadas ao bispado do Rio de Janeiro, o que trazia vários entraves para a República. Com o rompimento com o governo imperial, os farroupilhas acharam de bom grado separarem-se da corte completamente. Em 22 de junho de 1838 nomearam ao padre Chagas como vigário apostólico, negando obediência ao bispo do Rio de Janeiro, criando um cisma na igreja católica no Rio Grande do Sul. Tinha verdadeira autoridade religiosa: crismava,nomeava padres e dava dispensas matrimoniais. O bispo da República foi excomungado e seus atos foram declarados ilícitos pelo bispo do Rio de Janeiro. Assim mesmo a maior parte do clero gaúcho aderiu à nova autoridade eclesiástica.

Esta situação durou até o final da Revolução, padre Chagas buscou a reconciliação com o bispo do Rio de Janeiro, tendo sido secretário do novo bispado de Porto Alegre.

Após o fim da revolução, o padre Fidêncio José Ortiz foi encarregado pelo bispo do Rio a rever todos os atos e documentos sancionados pelo padre Chagas, considerados ilegais.

Reconhecimento entre os povos

O Uruguai, através de tratado de cooperação mútua, reconheceu a legitimidade desta república. Outros reconhecimentos como os dos Estados Unidos da America, França e Inglaterra, que o haviam feito na desanexação da República Oriental do Uruguai não se formalizaram oficialmente. As Províncias Unidas do Rio da Prata, à época estavam sendo unificadas pelo ditador Rosas e tentavam recuperar o território uruguaio (Guerra Grande), não afastando também a possibilidade de auxílio aos separatistas riograndenses.

Perenidade

A República Rio-grandense está simbolicamente perenizada na bandeira e no brasão do estado do Rio Grande do Sul, da mesma forma que outros estados brasileiros mantiveram em seus símbolos cívicos evocações a feitos relevantes. O seu território derivou de cisão parcial da Província de São Pedro do Rio Grande, que teve seus limites definidos em relação ao Uruguai somente após o final da Guerra dos Farrapos. Após a proclamação da República brasileira, todo o território da Província passou a constituir uma das unidades federativas brasileiras: o estado do Rio Grande do Sul. Hoje há 27 unidades federativas.

Questionamento sobre o Documento do Tratado de Poncho Verde

  • Numa possibilidade de nulidade do Tratado do Poncho Verde,por inexistência formal ou incompetência dos signatários,a República remanescente nos dias antes carecia uma soberania,pois não detém os requisitos que a legitimem:
  • Não detém o monopólio da força, já que deixou de ter Exército próprio: sedia o comando militar do sul, do Exército Brasileiro.
  • A sua administração não é independente da União, dentro do pacto federativo brasileiro, e tampouco houve posterior indicação ou eleição de outro presidente nacional desta República para além de Bento Gonçalves e Gomes Jardim.
  • Finalmente, os habitantes do território se declaram brasileiros e participam da vida política brasileira; carecendo assim do terceiro elemento fundamental para a existência legítima de qualquer Estado nacional.

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REPÚBLICA JULIANA

República Juliana,ou República Catarinense,era um estado republicano proclamado no atual estado de Santa Catarina, em 24 de julho de 1839, e que perdurou até 15 de novembro do mesmo ano. Foi uma extensão da Revolução Farroupilha, iniciada na província do Rio Grande do Sul, onde foi proclamada a República Rio-Grandense. A República Juliana, proclamada por Davi Canabarro e Giuseppe Garibaldi, formou uma aliança com a república vizinha, porém, sem condições de expandir-se pela província de Santa Catarina, não conquistando a Ilha de Nossa Senhora do Desterro, sede do Império, em novembro do mesmo ano - quatro meses após sua fundação, propiciaram-se condições para que as forças do Império retomassem Laguna,sede do governo republicano. No planalto, Lages aderiu à revolução, mas submeteu-se no começo de 1840.

A PREPARAÇÃO
A Marinha Imperial Brasileira controlava os principais meios de comunicação dos farrapos, a Lagoa dos Patos, em Porto Alegre,Pelotas e Rio Grande e a maior parte dos rios navegáveis. Foi preciso pensar em uma manobra incomum para conquistar um ponto que liga-se o Rio Grande dos farrapos com o mar.Este ponto era Laguna,em Santa Catarina.O primeiro passo era constituir a marinha rio-grandense. Giuseppe Garibaldi conhecera Bento Gonçalves ainda em sua prisão, no Rio de Janeiro, e obteria dele uma carta de corso para aprisionar embarcações imperiais.O plano era criar um estaleiro em Camaquã, trazer os barcos pela Lagoa dos Patos até o Rio Capivari, e dali, por terra, sobre rodados especialmente construídos para isso, até a barra do Tramandaí, onde os barcos tomariam o mar.Foram construídos, os lanchões Seival e Farroupilha, que após pouco tempo na Lagoa dos Patos, eram fustigados pela retaguarda pelo temível John Grenfell, Comandante da Marinha Imperial na Província. Despistando conseguem enveredar pelo estreito do Rio Capivari, iniciando o caminho difícil por terra, por causa das chuvas invernais, que haviam tornando o chão um grande lodaçal.Além disso, a região sul de Santa Catarina, já era desde 1836 um local frequentado por refugiados do Rio Grande do Sul, que fugiam da revolução, apesar de a apoiarem. Alguns dos refugiados aproveitavam para contrabandear pólvora e armamentos para a República.

A TOMADA DE LAGUNA
A 14 de Julho de 1839 os lanchões rumavam a Laguna, sob o comando geral de David Canabarro. O Seival era comandado pelo norte-americano John Griggs, conhecido como “João Grandão”, e o Farroupilha comandado por Garibaldi.
Na costa de Santa Catarina, próximo ao Rio Araranguá, uma tempestade pôs a pique o Farroupilha, salvando-se uns poucos farrapos, entre eles o próprio Garibaldi.
Finalmente atacaram por terra, com as forças de Canabarro, e por água. Entrando em Laguna através da Lagoa Garopaba do Sul, cruzando a Barra do Camacho, passando pelo Rio Tubarão e atacando Laguna por trás, surpreendendo os imperiais que esperavam um ataque de Garibaldi pela barra de Laguna e não pela lagoa. Garibaldi com o Seival, tomou Laguna, com ajuda do próprio povo lagunense, a 22 de Julho de 1839. A 29 de julho de 1839 proclama-se a República Juliana, para a preservação do porto em mãos republicanas. O nome "Juliana" refere-se ao mês da proclamação.
Após conquistar Laguna as forças farroupilhas continuaram avançando para o norte, perseguindo as tropas imperiais, avançaram cerca de 70 quilômetros até a planície do rio Maciambu. O avanço foi contido devido a um entrincheiramento das forças imperiais protegido pela geografia do Morro dos Cavalos, que dificultava o acesso das tropas farrapas e lhes bloqueava o avanço para o ataque à Desterro, hoje Florianópolis.
Os farroupilhas fizeram incursões mais ao norte, chegando a atacar a barra de Paranaguá, em 31 de outubro de 1839. Uma escuna e um lanchão farroupilhas capturaram a sumaca Dona Elvira, porém foram combatidos pelos canhões da fortaleza e obrigados a retroceder. A escuna recuou rumo ao norte, porém o lanchão, mais pesado, por ali parou e foi capturado por uma lancha com vinte homens comandada pelo alferes Manuel Antônio Dias e a lancha Dona Elvira foi recuperada.

A REPÚBLICA

Com a tomada de Laguna praticamente metade da província catarinense ficou em mãos republicanas e com a incorporação da vila de Lages, também sob controle rebelde, ao novo estado, o território da República Juliana se estendia do extremo meridional até o planalto catarinense.Foi então a organizada a República Juliana, sendo convocadas eleições para constituição do governo. Canabarro ficou à frente do governo da nova república até 7 de agosto de 1839, quando foi convocado o colégio eleitoral. Foram eleitos para presidente o tenente-coronel Joaquim Xavier Neves e para vice o padre Vicente Ferreira dos Santos Cordeiro, como Xavier Neves estava em São José bloqueado pelas pelas forças imperiais, o padre Vicente Cordeiro assumiu a presidência.Foi também montada uma estrutura para organizar e dirigir os assuntos de interesse do novo estado, ministros foram nomeados para as diversas áreas. A administração geral ficou a cargo de seu secretário de Estado, o italiano Luigi Rossetti. Antônio José Machado, juiz de paz, foi nomeado para o Conselho Governativo da República Juliana.A República enfrentou uma série de dificuldades em seus quatro meses de existência, foram enfrentados problemas econômicos e políticos, além dos militares, com falta de pessoal e de recursos.Apesar de toda mercadoria do porto ter sido apreendida e de todo o dinheiro abandonado na vila durante a fuga das tropas e do governo imperial, uma das primeiras medidas tomadas pelo Secretário de Estado foi solicitar ao governo da República Rio-Grandense um empréstimo. Para piorar a situação, a marinha imperial promoveu um bloqueio ao porto de Laguna, estrangulando o comércio e a comunicação da vila com o exterior.Os revolucionários mantiveram por um longo período a pressão sobre Desterro. Ainda em 11 de setembro ocorre a revolta da guarnição da Fortaleza da Barra do Sul, localizada no extremo sul da Ilha de Santa Catarina, onde os militares imperiais rebeldes matam o alferes reformado Pedro Fernandes e deixam os revolucionários tomar posse da Fortaleza. Praticamente toda a guarnição da fortaleza, composta aproximadamente de 50 soldados, entre praças e oficiais, unem-se aos farroupilhas levando boa parte do armamento, munição e da pólvora existente. Entretanto já no dia 13 a fortaleza se encontrava novamente sob domínio imperial. A rebelião tinha sido incitada por João Rebelo de Matos, Bento José Roiz, José Pinto Ribeiro, João Francisco Régis, todos transferidos da Bahia e envolvidos na Sabinada, com o estopim sendo os constantes castigos físicos ordenados pelo comandante da fortaleza, José Joaquim Pereira. No final de outubro se retiraram para o sul.
Nesta epopéia, Giuseppe Garibaldi conhece Ana Maria de Jesus Ribeiro , que passa a ser sua companheira nas lutas e na vida: surge então a lendária Anita Garibaldi.

O fim da República
O bloqueio do porto e a continuada presença de tropas em Laguna, afetou interesses particulares e acabou por levar a população contra os republicanos. A falta de gêneros como sal e fumo, além da dura repressão farroupilha, levaram à deserção de lagunenses das linhas de frente e dos batalhões de defesa da vila passsou às centenas. No início de novembro de 1839 os habitantes da Freguesia de Imaruí se revoltaram contra os rebeldes rio-grandenses. Garibaldi foi encarregado de combater a rebelião, que foi reprimida com força.

Lanchão Seival na margem.
Os farroupilhas preparavam um ataque à ilha do Desterro, hoje Florianópolis, mas as forças imperiais contra-atacaram de surpresa, com força total. A frota da República, preparando-se para a invasão de Desterro, foi descoberta na foz do Rio Maciambu e destruídaComandados pelo novo presidente da província, General Andréa, mais de 3.000 homens por terra, e por mar, uma frota de 13 navios, melhor equipados e experientes, retomam Laguna a 15 de Novembro de 1839, expulsando os revolucionários.Terminou assim a República Juliana, porém a República Riograndense, confederada a esta, durou até 1 de março de 1845, quando é celebrada a paz pelo tratado de Ponche Verde, e a república integra-se ao Império do Brasil.No Museu Anita Garibaldi, em Laguna, está exposta uma Nota Promissória de vultosa quantia para a época, assinada pela República Juliana em favor da República Rio-Grandense. Ao lado constam os seguintes dizeres: "A República Catarinense já nasceu devendo."Em 1845, a província de Santa Catarina, já inteiramente pacificada, recebeu a visita do imperador D. Pedro II e da imperatriz Teresa Cristina.

Legado
O município de Laguna permanece fortemente influenciado pela República Juliana; sua bandeira é composta da tricolor verde-branca-amarela usada pela República Juliana com a adição do brasão municipal ao centro, além de ser comemorado anualmente a Independência da República Juliana e a Tomada de Laguna.A história da República Juliana já foi abordada em diversos livros, como Anita Garibaldi - A Guerreira da Liberdade de Adilcío Cadorin, e A Casa das Sete Mulheres de Letícia Wierzchowski. O romance de Wierzchowski gerou uma minissérie de mesmo nome em 2003, que teve 52 episódios produzidos pela Rede Globo, com Thiago Lacerda e Giovanna Antonelli como Giuseppe e Anita Garibaldi, respectivamente. Também foi adaptada em peça teatral com A Tomada de Laguna, inspirada pelo livro de Cadorin, que conta a história de amor de Giuseppe e Anita Garibaldi, passando pela proclamação da República Catarinense. Encenada ao ar livre em Laguna desde 1999, nos fins-de-semana do mês de julho, tem como cenários os locais onde realmente ocorreram os fatos, e possui Werner Schunemann e Samara Felippo nos papéis principais.A República Juliana foi citada como uma das referências utilizadas para a criação do movimento secessionista O Sul É o Meu País, em 18 e 19 de julho de 1992 em Laguna, que objetiva, por vias democráticas e plebiscitárias, a separação da região sul do Brasil para a formação de um novo país.

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